Tradicionalmente, os arquitectos, artistas e modelos usam os portefólios para apresentarem amostras do seu trabalho ou para demonstrar as suas capacidades a potenciais empregadores. Para estes profissionais, os portefólios constituem um registo e uma demonstração dos objectivos alcançados e dos atributos profissionais desenvolvidos ao longo do tempo e em colaboração com outros (Winsor, 1998).
Ao ser importado para o campo educativo o conceito de portefólio sofreu profundas alterações.
A aplicação deste conceito nos contextos de ensino, mais concretamente na avaliação do desempenho dos professores teve o seu início no Canadá, na década de 70, onde era designado por
“teaching dossier”. Contudo, a origem do
“portfolio movement” viria a localizar-se nos Estados Unidos, no início da década de 90, sendo de destacar, para tal, os trabalhos pioneiros desenvolvidos por Lee Shulman e os seus colegas no
Teacher Assessment Project (TAP), do Institute for Research on Teaching, Michigan State University. Deste trabalho resultou um dos primeiros texto publicados sobre o tema, “The scholteacher’s portfolio: an essay on possibilities”, de Tom Bird, que se tornou, em 1990,num capítulo do livro
“The new handbook of teacher evaluation: assessing elementary and secundary school teachers” editado por Millman & Darling-Hammond (Shulman, 1998). Com a curiosidade de ser uma apresentação teórica do portefólio num momento que, na prática, ainda muito pouco estava feito.
Desde esse momemto, sobretudo nos países anglo-saxónicos e com natural relevância para os Estados Unidos, onde foram considerados pela
Association for Supervision and Curriculum como uma das três metodologias de topo, actualmente em uso no país os portefólios têm vindo a ganharam um lugar de destaque em âmbitos tão diversificados como, por exemplo:
· a avaliação da aprendizagem dos alunos (neste momento, existem estados nos Estados Unidos em que o portefólio constitui um instrumento de avaliação da totalidade dos alunos);
· a avaliação de professores em formação e certificação de professores já formados ( a americana
National Board for Professional Teaching Standards, criada para melhorar a qualidade da certificação de professores a nível nacional, faz depender essa certificação da apresentação de um portefólio);
· a avaliação dos professores universitários (segundo Rodriguez-Farrar, em 1998 eram mais de 400 as instituições que nos Estados Unidos usavam os portefólios para a avaliação do desempenho dos seus docentes);
· como forma especial de
Curriculum vitae, demonstrativo de determinadas competências e capacidades para determinado emprego ou função (Nunes, 2000) (nos Estados Unidos os professores são responsáveis pela procura da sua própria colocação, passando muitas vezes por entrevistas nas escolas onde pretendem ser colocados).
Em Portugal, estamos ainda a dar os primeiros passos no que a esta estratégia de investigação-acção-formação se refere. Como nos diz Sá-Chaves (2000), “têm vindo a ser desenvolvidos esforços no sentido de uma melhor compreensão das implicações positivas que possam decorrer da sua utilização como estratégia de formação, de investigação, de avaliação e ainda como estratégia de investigação ao serviço da qualidade da formação”.