Sunday, April 24, 2005

Portefólios versus "instrumentos tradicionais"

Pela sua pertinência, procuro responder aqui às questões que coloca o José Gil, a quem agradeço, desde já, a visita!
Procurando simplificar (isto dava para uma grande conversa), de facto, com o portefólio procuramos saber o que o aluno sabe e é capaz de fazer (dito de outro modo, procuramos identificar as suas competências) e essa é a grande vantagem para o professor.
Contudo, o grande potencial do portefólio não está no que faz “pelo professor” (que já é muito!) mas sim no que pode fazer “pelo aluno”. Através do portefólio o aluno é constantemente solicitado a tomar consciência das suas capacidades e competências (o que já sabe) e a identificar as suas limitações (o que precisa de saber) para, a partir daí, definir metas para o futuro (o quer vir a saber). Esta auto-regulação e auto-avaliação tornam o aluno no primeiro responsável pela sua aprendizagem e ajudam o aluno a aprender a aprender (a tal metacognição!).
Os instrumentos de avaliação mais “tradicionais” não têm este poder. No teste, por exemplo, onde está o potencial de aprendizagem para o aluno? O teste é algo que se faz para “servir o professor” e que a seguir passa à história. Como se corrigem os erros identificados? O teste avalia no final de um percurso e avaliar só no fim é chegar demasiado tarde para mudar seja o que for.
No entanto, até de um teste podemos extrair “mais qualquer coisa”. Ao integrá-lo no seu portefólio o aluno é convidado a reflectir sobre aquele teste, o que correu bem, o que correu mal, as questões que já esperava e as que o surpreenderam, se o modo como se preparou foi o mais adequado e, não sendo, o que vai mudar na sua forma de trabalhar…
Adoptando esta filosofia em relação a todos os trabalhos seleccionados (e levando mesmo à reformulação de alguns) estamos continuamente a construir e reconstruir aprendizagem.
Assim, o portefólio deve ser, sobretudo, um instrumento ao serviço do processo de aprendizagem - pessoal e único - de cada aluno. Tal não quer dizer que o trabalho desenvolvido pelo aluno com o seu portefólio não deva ser avaliado, mas os critérios de avaliação devem ser simples, claros e ir de encontro aos princípios da metodologia na perspectiva em que a apresento: por exemplo, “cumprimento dos requisitos estabelecidos”, “apresentação”, “organização”, “evidências de reflexão”, “evidências de auto-avaliação”, etc.

Saturday, April 23, 2005

Site canadiano

Encontrei um bom site canadiano (pode optar-se pelo inglês ou pelo francês) sobre portefólios:

http://www.qesnrecit.qc.ca/portfolio/port_eng.html

Apesar de já não ser actualizado há algum tempo, tem muito boa informação teórica sobre as diferentes abordagens ao portefólio (do professor, do aluno, digital, …) e alguns materiais de apoio, sobretudo para o primeiro ciclo. Também oferece o software para os alunos desenvolverem um portefólio da escrita.

Tuesday, April 19, 2005

Portefólios por decreto?

Estive ontem na Universidade de Évora onde falei sobre portefólios para uma plateia composta por alunos do 4ºano da Licenciatura em Ensino de Física e Química e professores do 1º Ciclo do Ensino Básico já inseridos na carreira docente. Sendo dois grupos muito distintos na sua natureza, todos mostraram grande curiosidade e interesse em saber um pouco mais sobre a temática, e também manifestaram preocupações semelhantes, em concreto no que diz respeito à avaliação.
Os alunos de Física-Química estão mais preocupados com as normas que devem cumprir na elaboração do seu portefólio e o modo como este será avaliado. Procurei deixar a ideia de que quanto menos normas forem impostas, deixando maior espaço à personalização, melhor!
Também deixei a ideia de que não se deve avaliar o portefólio mas sim o professor/estagiário através do portefólio.
Os professores do 1ºCiclo mostraram-se preocupados com a hipótese (que já por aí circula) de que os actuais Relatórios Críticos de Desempenho venham a ser substituídos por portefólios. Penso que se tal acontecer, apenas por decreto, nada de novo e significativo será adicionada à formação contínua de professores. O que é preciso é mudar mentalidades e formas de actuar.
Numa avaliação dos professores séria, acompanhada, contextualizada e promotora do desenvolvimento pessoal e profissional do docente há um importante lugar para o portefólio. Noutra qualquer forma de avaliação só há lugar para o mau uso da metodologia. Eu não sou pessimista, mas pelo que conheço deste país em que vivemos...

Tuesday, April 12, 2005

Um blogue sobre portefólios


A ideia é esta: este será um espaço onde irei deixando algumas das minhas reflexões resultantes do trabalho que venho desenvolvendo com os portefólios nos vários contextos em que me vou movendo! Ao mesmo tempo, espero que seja um lugar de partilha de ideias e experiências com aqueles que vão sendo tocados pela metodologia, tendo sempre como pano de fundo o contexto mais vasto da educação, essa tarefa impossível!