Wednesday, October 12, 2005

Cuidados a ter!

Em resposta à Joana, deixo aqui alguns dos cuidados a ter na hora de optar pelo desenvolvimento de um portefólio. Uma implementação precipitada, pouco reflectida ou desajustada às necessidades e característica dos nossos alunos pode comprometer o processo e levar à desmotivação, mau uso e até mesmo ao abandono da metodologia.
Assim, devemos dar especial atenção aos seguintes aspectos:

· Definir o nosso quadro conceptual de referência. A visão pessoal que temos da educação. O modo como encaramos o ensino e a aprendizagem, o papel que reservamos para o professor e para o aluno nesse processo. Estes posicionamentos e as características pessoais de cada um de nós são determinantes para o tipo de portefólio que vamos desenvolver e para a profundidade com que o faremos.

· Começar lentamente. Ser ambicioso, mas não no curto prazo. Utilizar a “estratégia da sopa de pedra”: começar a sopa com uma pedra e água – começar o portefólio com alguns objectivos e metas – e ir juntando os ingredientes aos poucos, ou seja, aumentar a complexidade, lenta e progressivamente, à medida que dominamos as variáveis já em jogo. Se chegarmos e pedirmos logo “a sopa completa” é meio caminho andado para gerar confusão e desmotivação nos nossos alunos.

· Ganhar aceitação. Através de um adequado processo de esclarecimento, formação e negociação. Ganhar a aceitação dos alunos que por vezes demoram a perceber as particularidades da metodologia que lhes exige novas formas de estar, pensar e actuar e contrárias à postura estática em relação à aprendizagem que foram habituados a adoptar. Ganhar aceitação dos colegas eventualmente envolvidos e dos pais e encarregados de educação.

· Incentivar o sentido de pertença. Os alunos devem conhecer as virtudes e os defeitos ou dificuldades de metodologia e sentirem-se parte interessada no processo de desenvolvimento do portefólio.

· Clarificar os objectivos e a organização. Como é que o portefólio será usado (Porquê? Para quê? Como? Quando?). Como vai servir a avaliação e a classificação. Qual a estrutura (obrigatória, recomendada ou flexível) e os respectivos critérios de avaliação (se for caso disso).

· Utilizar exemplos. Dada a novidade associada aos portefólios o recurso a exemplos pode constituir uma importante ajuda. É preciso ter sempre em atenção que estes exemplos não devem funcionar como modelos a copiar e seguir, mas sim como referências a adaptar às nossas necessidades concretas. Como tal, devemos revestir-nos da coragem necessária para, sozinhos ou em colaboração com outros, sermos investigadores e construtores autónomos da nossa prática e dos instrumentos a ela ligados.

· Ser realista. Pelo que tenho vindo a referir, o portefólio pode chegar a ser uma poderosa metodologia, integral e integradora de todas as restantes metodologias utilizadas. Pode mesmo chegar a ser o fio condutor de toda a nossa prática lectiva. Mas, antes disso, não deixa de ser mais uma estratégia para articular com as restantes, também elas importantes, uma vez que a diversidade de experiências educativas será sempre fundamental para a riqueza do ensino.

· Ser reflexivo. A implementação desta estratégia é sempre um processo inacabado. Devemos reflectir continuamente sobre o impacto que o portefólio está a ter na nossa prática a na aprendizagem dos nossos alunos e ajustar, modificar, introduzir alterações ou novidades de modo a tirar o melhor partido da metodologia.

1 comment:

Adilton Fogaça said...

Estou de acordo em relação ao portifólio ser uma ferramenta muito importante para o professor, mas que também pode ter um efeito contrário, inclusive de desmotivação para o aluno.