Thursday, October 27, 2005
Nova etapa!
Devido a um envolvimento quase repentino na gestão autárquica do meu concelho (Alandroal, onde vou ser responsável, entre outras coisas, pela Educação!) deixei agora, por um período não inferior a 4 anos, a escola onde lecciono desde que conclui o meu estágio pedagógico há quase uma década.
Não foi uma decisão fácil por variadíssimos motivos que a este espaço pouco interessam.
No que há escola e aos portefólios diz respeito não foi fácil pela simples razão de que uma e outros representam os dois pilares há volta dos quais tenho vindo a construir a minha identidade profissional, e até pessoal, de um modo que sempre considerei altamente recompensador! Em relação a ambos, o meu campo de exploração, progressão e aprofundamento está, neste momento, longe de estar esgotado. Depois de 6 anos a investigar a temática, é para mim particularmente difícil “deixar o barco” no momento em que os portefólios (e as filosofias que eles representam) parecem estar a dar o salto para o dia-a-dia das nossas salas de aula. Contudo, fico feliz por ver que isso está a acontecer e até com uma pontinha de muito humana vaidade por estar a contribuir, de modo indelével, é certo, para tal movimento.
Mas se é difícil deixar de lado a escola e deixar de lado os portefólios e os portefólios e a escola e os portefólios e a formação e a formação e a escola… mais difícil está a ser deixar, antes do tempo, os alunos que envolvi no processo.
Porque tudo isto só faz sentido com eles e para eles. Porque eles ajudaram a mostrar que os portefólios funcionam para além das fantásticas teorias dos livros americanos. Porque eles corresponderam aos desafios que lhes lancei e foram além desses desafios. Porque eles se comprometeram com o trabalho e por isso desenvolveram os melhores portefólios, porque eles são as melhores pessoas.
“Turma B”, “Turma C” e “Turma D”, obrigado! Aprendi muito com todos vocês!
Wednesday, October 12, 2005
Cuidados a ter!
Em resposta à Joana, deixo aqui alguns dos cuidados a ter na hora de optar pelo desenvolvimento de um portefólio. Uma implementação precipitada, pouco reflectida ou desajustada às necessidades e característica dos nossos alunos pode comprometer o processo e levar à desmotivação, mau uso e até mesmo ao abandono da metodologia.
Assim, devemos dar especial atenção aos seguintes aspectos:
· Definir o nosso quadro conceptual de referência. A visão pessoal que temos da educação. O modo como encaramos o ensino e a aprendizagem, o papel que reservamos para o professor e para o aluno nesse processo. Estes posicionamentos e as características pessoais de cada um de nós são determinantes para o tipo de portefólio que vamos desenvolver e para a profundidade com que o faremos.
· Começar lentamente. Ser ambicioso, mas não no curto prazo. Utilizar a “estratégia da sopa de pedra”: começar a sopa com uma pedra e água – começar o portefólio com alguns objectivos e metas – e ir juntando os ingredientes aos poucos, ou seja, aumentar a complexidade, lenta e progressivamente, à medida que dominamos as variáveis já em jogo. Se chegarmos e pedirmos logo “a sopa completa” é meio caminho andado para gerar confusão e desmotivação nos nossos alunos.
· Ganhar aceitação. Através de um adequado processo de esclarecimento, formação e negociação. Ganhar a aceitação dos alunos que por vezes demoram a perceber as particularidades da metodologia que lhes exige novas formas de estar, pensar e actuar e contrárias à postura estática em relação à aprendizagem que foram habituados a adoptar. Ganhar aceitação dos colegas eventualmente envolvidos e dos pais e encarregados de educação.
· Incentivar o sentido de pertença. Os alunos devem conhecer as virtudes e os defeitos ou dificuldades de metodologia e sentirem-se parte interessada no processo de desenvolvimento do portefólio.
· Clarificar os objectivos e a organização. Como é que o portefólio será usado (Porquê? Para quê? Como? Quando?). Como vai servir a avaliação e a classificação. Qual a estrutura (obrigatória, recomendada ou flexível) e os respectivos critérios de avaliação (se for caso disso).
· Utilizar exemplos. Dada a novidade associada aos portefólios o recurso a exemplos pode constituir uma importante ajuda. É preciso ter sempre em atenção que estes exemplos não devem funcionar como modelos a copiar e seguir, mas sim como referências a adaptar às nossas necessidades concretas. Como tal, devemos revestir-nos da coragem necessária para, sozinhos ou em colaboração com outros, sermos investigadores e construtores autónomos da nossa prática e dos instrumentos a ela ligados.
· Ser realista. Pelo que tenho vindo a referir, o portefólio pode chegar a ser uma poderosa metodologia, integral e integradora de todas as restantes metodologias utilizadas. Pode mesmo chegar a ser o fio condutor de toda a nossa prática lectiva. Mas, antes disso, não deixa de ser mais uma estratégia para articular com as restantes, também elas importantes, uma vez que a diversidade de experiências educativas será sempre fundamental para a riqueza do ensino.
· Ser reflexivo. A implementação desta estratégia é sempre um processo inacabado. Devemos reflectir continuamente sobre o impacto que o portefólio está a ter na nossa prática a na aprendizagem dos nossos alunos e ajustar, modificar, introduzir alterações ou novidades de modo a tirar o melhor partido da metodologia.
Assim, devemos dar especial atenção aos seguintes aspectos:
· Definir o nosso quadro conceptual de referência. A visão pessoal que temos da educação. O modo como encaramos o ensino e a aprendizagem, o papel que reservamos para o professor e para o aluno nesse processo. Estes posicionamentos e as características pessoais de cada um de nós são determinantes para o tipo de portefólio que vamos desenvolver e para a profundidade com que o faremos.
· Começar lentamente. Ser ambicioso, mas não no curto prazo. Utilizar a “estratégia da sopa de pedra”: começar a sopa com uma pedra e água – começar o portefólio com alguns objectivos e metas – e ir juntando os ingredientes aos poucos, ou seja, aumentar a complexidade, lenta e progressivamente, à medida que dominamos as variáveis já em jogo. Se chegarmos e pedirmos logo “a sopa completa” é meio caminho andado para gerar confusão e desmotivação nos nossos alunos.
· Ganhar aceitação. Através de um adequado processo de esclarecimento, formação e negociação. Ganhar a aceitação dos alunos que por vezes demoram a perceber as particularidades da metodologia que lhes exige novas formas de estar, pensar e actuar e contrárias à postura estática em relação à aprendizagem que foram habituados a adoptar. Ganhar aceitação dos colegas eventualmente envolvidos e dos pais e encarregados de educação.
· Incentivar o sentido de pertença. Os alunos devem conhecer as virtudes e os defeitos ou dificuldades de metodologia e sentirem-se parte interessada no processo de desenvolvimento do portefólio.
· Clarificar os objectivos e a organização. Como é que o portefólio será usado (Porquê? Para quê? Como? Quando?). Como vai servir a avaliação e a classificação. Qual a estrutura (obrigatória, recomendada ou flexível) e os respectivos critérios de avaliação (se for caso disso).
· Utilizar exemplos. Dada a novidade associada aos portefólios o recurso a exemplos pode constituir uma importante ajuda. É preciso ter sempre em atenção que estes exemplos não devem funcionar como modelos a copiar e seguir, mas sim como referências a adaptar às nossas necessidades concretas. Como tal, devemos revestir-nos da coragem necessária para, sozinhos ou em colaboração com outros, sermos investigadores e construtores autónomos da nossa prática e dos instrumentos a ela ligados.
· Ser realista. Pelo que tenho vindo a referir, o portefólio pode chegar a ser uma poderosa metodologia, integral e integradora de todas as restantes metodologias utilizadas. Pode mesmo chegar a ser o fio condutor de toda a nossa prática lectiva. Mas, antes disso, não deixa de ser mais uma estratégia para articular com as restantes, também elas importantes, uma vez que a diversidade de experiências educativas será sempre fundamental para a riqueza do ensino.
· Ser reflexivo. A implementação desta estratégia é sempre um processo inacabado. Devemos reflectir continuamente sobre o impacto que o portefólio está a ter na nossa prática a na aprendizagem dos nossos alunos e ajustar, modificar, introduzir alterações ou novidades de modo a tirar o melhor partido da metodologia.
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